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Anorexia e bulimia: a importância do tratamento


Os transtornos alimentares são caracterizados por alterações no comportamento e padrão alimentar do indivíduo. A anorexia pode ser definida pela redução intencional da ingestão alimentar e a bulimia ocorre quando há períodos de alimentação compulsiva e, posteriormente, práticas purgativas como vômitos e uso de laxantes. Nesses casos, recomenda-se um tratamento interdisciplinar, já que os quadros são considerados de saúde mental e necessitam de uma abordagem tanto clínica como psíquica.

Segundo o professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Núcleo de Investigação em Anorexia e Bulimia (Niab) do Hospital das Clínicas da UFMG, Henrique 

Torres, ambas as doenças são classificadas como psiquiátricas. Elas constam no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria e no Código Internacional de Doenças (CID). Uma das abordagens indicadas para o tratamento das doenças é psicanalítica, quando, por meio de sessões, o paciente conversa com o especialista sobre as questões que o incomoda.
Torres acrescenta que, na literatura da bulimia, é mais clara a existência de medicamentos para melhora dos sintomas, diminuindo a ansiedade e os períodos de compulsão alimentar. A bulimia e, principalmente, a anorexia podem estar relacionadas a comorbidades psiquiátricas, como depressão e transtorno bipolar. O professor reforça a importância de escutar o paciente: “É um tratamento psicanalítico, então são encontradas diversas questões: como foi o desencadeamento da doença; em que momento ela surgiu; qual é o papel que aquela doença ou condição passa a desenvolver na pessoa; quando o paciente passa a se relacionar com o meio e com os outros através das doenças”.

A maioria dos pacientes é do sexo feminino, mas existe uma parcela masculina diagnosticada com as doenças. De acordo com Henrique Torres, relata-se um homem a cada dez mulheres com anorexia e cerca de um a cada quinze na bulimia. “No caso específico da anorexia, a literatura internacional fala que tem uma cura de 50%, cerca de 20% permanecem com sintomas residuais, que afetam pouco a vida do indivíduo. 15 a 20% permanecem com sintomas graves e existe uma taxa de mortalidade em torno de 10%, em 10 anos”, completa.

Imagem corporal

A abordagem clínica também é necessária em casos de anorexia e bulimia, já que é preciso fazer uma revisão laboratorial para avaliar o grau de comprometimento que as práticas purgativas provocaram. O acompanhamento nutricional, por exemplo, tem como objetivo não necessariamente ensinar como comer e, sim, buscar possibilidades de substituir as práticas de bulimia.

A psiquiatra infantil e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade, Ana Maria Lopes, pontua ainda que a escuta do paciente é importante para esse eixo que a psicanálise pode oferecer, que é quando ele pode reconstruir em que ponto da história surgiu uma insatisfação da própria imagem. Esta é, muitas vezes, a razão que leva as pessoas a esses transtornos. “Por isso, é um transtorno que tem início habitualmente na adolescência, adulto-jovem, que é o momento em que a questão da imagem corporal se coloca mais evidente, devido à mudança do corpo de criança para o adulto, junto com os caracteres sexuais”, afirma Ana Maria.

Redação: Nathalia Braz – estagiária de Jornalismo
Edição: Lucas Rodrigues
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