Uma percepção que se desmancha ou se acentua na identificação do outro, cenas que acolhem e envolvem em uma atmosfera turva de vivências compartilhadas. As imagens retiradas do meu acervo pessoal se transformam, assim, em um lugar trivial, com figuras comuns impregnadas por sentimentos próprios de cada observador. A apropriação da imagem fotográfica tem um papel significativo nesse projeto, a imagem como memória em constante desaparecimento evoca uma série de sentimentos que se acentuam na gestualidade do fazer pintura.
Em acrílica sobre tela, a série traz a monocromia como produto do íntimo e nostálgico, da monotonia da vida e do cansaço, a contradição entre mesclar-se ao ambiente e estar alheio ao entorno é intensificada por meio do uso da cor. A figura humana toma foco. Sendo o espaço reduzido a áreas chapadas, os corpos emergem na paisagem em um estado de repouso e desaceleração do tempo, buscando a contemplação do instante. Estamos diante de frames da vida que partem da minha memória afetiva, mas abrindo caminho, também, para a de quem vê.